Boas Festas!


Férias!

19 Dezembro

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre".

Miguel Sousa Tavares

Lição de hoje: vai carregando

O meu esquentador estava avariado há mais dias do que aqueles que eu gosto de me lembrar. Após o veredicto da empresa do gás, a minha senhoria deu-me o telemóvel de uma Kasia que seria o ponto de contacto com a administradora do prédio, uma vez que esta não fala inglês.
Após algum tempo de espera, hoje liguei-lhe para saber novidades. “Ah, ainda não consegui falar com a administradora para lá mandar um técnico…”. Bem, perante isto, e porque achei que já era de mais, disse-lhe “ok, então continua a tentar e eu volto a ligar-te mais logo”.
E assim foi. Já na perspectiva de ter que voltar a tomar banho na casa da Andreia, liguei-lhe. Eram 17h30. “Olá Kasia! Guess who?!”. “Ah, ainda bem que me ligas… falei com a administradora e vai um técnico lá a casa às 18h!”, diz-me ela. “Ok. Porreiro! E quem é que lá vai estar? A administradora?”, perguntei eu, ingénua, ingénua. “Quem é que lá vai estar?! Vais lá estar tu!”, responde-me ela. Eram 17h30… Nem estava a acreditar. Ainda bem que me ligas??? E que tal teres-me ligado assim que soubeste?
“Olha, não pode ser. Eu ainda estou a trabalhar e vou já sair mas não consigo chegar a horas. Liga ao tipo e combina com ele para as 18h30”, disse eu, muuuuuito assertivamente.
“Ah, pois, mas é que eu não tenho o número de telefone do tipo…”
[Aaaaaaaaarrrrrrrrrrgggggggghhhhhhhhhhh *respira fundo, respira fundo*]
“Então ligas à administradora e ela que ligue ao tipo e que lhe pergunte se pode estar apenas às 6h30!”
“Ah, está bem…”
Bem, e lá fez o que lhe disse.

E lá fui eu esperar um técnico. Já o estava a ver: com um colete de mil bolsos a dizer a marca do esquentador e uma caixa de ferramentas cheia de gavetinhas que deslizam, sabem como é? Sempre ingénua, esta Filipa… Os “técnicos” apareceram com uma malita de pano ao ombro e eram umas figuras castiças: um parecia o Avô Cantigas, só lhe faltava os óculos. O outro fez-me lembrar o anão rezingão da Branca de Neve. Quando apontei para o esquentador e para a mensagem de erro que lá tinha escrita, iniciaram uma emocionante viagem exploratória pelo meu esquentador e tubos mais próximos. Não percebia nada do que diziam, mas não restaram dúvidas que estavam perante um bicho novo e assustador…
Mas na verdade vou cozer no inferno em água aquecida pelo meu esquentador… É que conseguiram pôr tudo a funcionar! Se bem que, a bem da verdade, acho que nem eles sabem como…
Sabem aquela ideia de que os miúdos descobrem tudo e sabem mexer em tudo porque não têm medo de estragar?
Para a próxima também posso ir carregando freneticamente nos botões todos até que algum faça barulho…

O que vale é que Portugal já está aqui tãããããããããããããão perto…

Menos!

Ok, ok, uma pessoa tem que se adaptar a (algumas) diferenças culturais, mas recusarem servir jantares num centro comercial às 21h30 de um Sábado porque vão fechar parece-me um bocadinho de mais, não acham?
Só me conseguia lembrar daquele anúncio da rádio em Portugal. “Restaurante Sítio dos Bons Amigos! Refeições até às 6h da manhã!”
Não era meia-noite. Eram 9h30… A que horas fecha o Colombo?